O que é Constelação Familiar

Constelação familiar

Você já parou para pensar sobre a forma como os seus familiares impactam e influenciam, positiva e negativamente, os seus comportamentos e atitudes? Já quis compreender mais a fundo os motivos que fazem com que você se comporte de determinada maneira, e não de outra? Quis entender um pouco melhor as formas como você lida com as mais diversas situações de sua vida, principalmente as adversidades e desafios? Quis analisar mais as suas características e os principais traços da sua personalidade?

Trazer esclarecimentos sobre essas e muitas outras questões é um dos objetivos da constelação familiar. Neste artigo, você vai compreender:

  • o que é esse método; 
  • como ele funciona; 
  • quais são as situações em que ele pode ser aplicado; 
  • a quem ele é recomendado;
  • quais são os seus benefícios;
  • como a constelação familiar se relaciona com o coaching. 

Para saber mais, é só continuar a leitura a seguir! 

O que é constelação familiar?

Todos nós temos características e cargas emocionais que nem sempre sabemos ou compreendemos a origem ou o motivo pelo qual surgem. Acontece que, muitas vezes sem saber, essas nossas dificuldades são consequências dos nossos sistemas familiares, e é isso o que a constelação familiar estuda.

Criada pelo psicoterapeuta alemão Bert Hellinger, a constelação familiar é um método psicoterapêutico que estuda os padrões de comportamento de grupos familiares ao longo das suas gerações. Bert se deparou com esse fenômeno nos anos 1970, após observar os estudos de Virginia Satir, uma psicoterapeuta americana que analisava as esculturas familiares.

De acordo com Satir, quando uma pessoa “estranha” é convocada para representar uma família ou uma pessoa de um grupo familiar, mesmo que não a conheça, acaba reproduzindo sintomas físicos e comportamentos similares desse grupo ou pessoa, sem necessariamente saber algo a respeito dela. É o que ocorre nas constelações familiares.

Na prática, esse método mostra que muitos dos nossos problemas, doenças, incompreensões e sentimentos ruins podem estar ligados a outros familiares que passaram por essas mesmas adversidades, mesmo que nós não os tenhamos conhecido.

Por que repetimos comportamentos?

A constelação familiar explica que há uma repetição de comportamentos, de acordo com gerações, mesmo que de uma maneira inconsciente. Hellinger propôs que há uma “consciência de clã” em todos nós, que é norteado por simples “ordens arcaicas” ou “ordens do amor”, que se referem a três princípios norteadores:

  1. A necessidade de pertencer ao grupo ou clã;
  2. A necessidade de equilíbrio entre o dar e o receber nos relacionamentos;
  3. A necessidade de hierarquia dentro do grupo ou clã.

Essas “ordens” atuam tanto nos nossos relacionamentos familiares como os íntimos e amorosos. A conexão harmoniosa com essas ordens nos dá uma sensação de paz e nos faz sentir acolhidos e pertencentes a um grupo. Quando alguma dessas ordens não se manifesta, surgem os conflitos familiares que precisam ser resolvidos.

Quais são as ordens do amor, que embasam a constelação familiar?

No tópico anterior, citamos as ordens do amor, que são as leis que e preceitos que embasam esse método e que, de acordo com os estudos de Hellinger, têm grande potencial de influenciar uma pessoa, de forma individual, e também todo um sistema familiar.

Ao cumprir todas essas leis — que são a lei do pertencimento, da hierarquia e do equilíbrio —, o indivíduo experimenta uma vida repleta de harmonia. Entretanto, caso elas não sejam cumpridas, existem grandes chances de surgirem os desequilíbrios familiares, como: problemas afetivos, problemas de ordem financeira, fobias, doenças e até mesmo tendências suicidas.

Confira, a seguir, como funciona cada uma das leis e de que forma influenciam indivíduos e famílias como um todo.

  1. Lei do pertencimento

Todos nós somos seres relacionais e que têm a grande necessidade de pertencer a um grupo. Nesse sentido, ao nascermos, precisamos nos sentir parte de um todo, ou seja, de um sistema familiar que nos acolha e nos ofereça o afeto de que precisamos. Isso nos faz crescer em harmonia.

De acordo com Bert Hellinger, essa aceitação e acolhimento precisam acontecer, independentemente das nossas ações. Em outras palavras, mesmo que as pessoas cometam erros, é importante que se sintam acolhidas pelas suas famílias — até como um meio de aprender e evoluir. Se isso não acontecer, ocorrem os desequilíbrios citados.

Dessa forma, quando algum membro da família tem comportamentos considerados incorretos, ética e moralmente, a tendência é que os outros familiares acabem por tentar suprimir esse fato, fazendo com que aquele que cometeu tais falhas seja afastado do convívio familiar, ou seja, excluído.

A questão é que, quando isso acontece, acaba por gerar nesse indivíduo o que a constelação familiar chama de “dor dos excluídos”, que vai ocasionar problemas. Essas dores não serão sentidas pela pessoa em si, mas pelos seus sucessores, que serão diretamente afetados pela situação — sem conseguirem, de fato, compreender o real motivo do problema que os impacta tanto.

Hellinger escreveu um livro, que se chama “Ordens do Amor”. Nele o criador da constelação familiar explica que, quando um membro da família sofre esse processo de exclusão, as suas consequências são, invariável e inconscientemente, assumidas pelos membros subsequentes da família.

Para ele, a resolução do problema se dá quando o membro excluído é reintegrado à convivência familiar, uma vez que, com isso, as injustiças cometidas passam a ser compensadas. Assim, evita-se a ocorrência de repetições nos destinos dos próximos familiares que vierem.

  1. Lei da hierarquia

Após a Lei do Pertencimento, temos a Lei da Hierarquia. De acordo com ela, dentro do sistema familiar, cada pessoa ocupa uma posição, que deve ser reconhecida e valorizada pelos demais membros. Isso quer dizer que, dentro dessa lei, é fundamental e necessário que haja respeito por aqueles que vieram primeiro, ou seja, os filhos devem respeitos aos seus pais, que, por sua vez, precisam respeitar aqueles que vieram antes deles, os seus antepassados.

Nesse sentido, o desequilíbrio nessa lei ocorre quando os papéis se invertem, ou seja, quando os filhos ocupam, dentro da família, a posição que deveria ser dos seus pais. Isso pode acarretar em pais com comportamentos e atitudes infantilizados e filhos mais nervosos, ansiosos e emocionalmente frágeis, já que são obrigados a suportar uma carga emocional que, em tese, não é sua e nem deveriam carregar.

É importante deixar claro que, quando se fala em respeitar a hierarquia familiar, não estamos dizendo a ninguém para manter comportamentos e padrões familiares, ou perpetuar sistemas vigentes de família. O que Hellinger quer ressaltar é a importância de manter o respeito àqueles que vieram antes de nós, honrando-os e aceitando a hierarquia dos nossos antepassados, de modo que o equilíbrio da segunda ordem seja plenamente mantido.

  1. Lei do equilíbrio

A lei do equilíbrio afirma que, dentro de um sistema familiar, é fundamental que haja um equilíbrio entre o dar e receber. Isso quer dizer que é necessário que todos os membros doem e recebam afeto de maneira igualitária. Assim, as relações se mantêm permanentemente equilibradas.

No entanto, é comum observar relações, principalmente as afetivas, em que um membro do casal acaba por doar mais amor do que o outro, tendo mais demonstrações, nesse sentido, do que o seu parceiro ou parceira. É exatamente nesse ponto que o desequilíbrio acontece. Devemos nos doar, mas com reciprocidade, caso contrário, há um desequilíbrio que causa problemas.

Isso acontece, pois, aquele que recebe mais afeto do que doa acaba por tornar-se dependente do seu parceiro, e, em consequência disso, menos interessante aos olhos do cônjuge que se doou em excesso. O resultado disso pode ser uma traição, já que o parceiro mais dedicado sempre sentirá que está faltando reciprocidade e justiça no seu relacionamento.

Além disso, essa dinâmica disfuncional pode também gerar uma culpa no parceiro que recebe mais afeto do que doa, justamente por não conseguir retribuir na mesma medida o amor recebido. Diante disso, a única saída que encontra é dar fim ao relacionamento ou criar conflitos com o parceiro que se doa demais, com o objetivo de diminuí-lo e tentar não sentir mais culpa.

Ainda falando sobre as questões que levam ao desequilíbrio dentro dessa lei, elas podem se manifestar também quando algum membro da família abdica da própria vida — dos seus próprios sonhos, anseios, carreira, emprego, entre outros — em benefício de filhos ou cônjuges.

Para entender com ainda mais profundidade as ordens do amor, compartilhamos com você um vídeo explicativo, por José Roberto Marques!

Como funciona a constelação familiar na prática?

Quando um cliente resolve utilizar o método, ele apresenta um tema que será trabalhado pelo seu terapeuta. Com isso, o profissional solicita informações sobre os membros da sua família, especialmente os que passaram por experiências fortes, como: graves doenças, assassinatos, mortes precoces, problemas de relacionamento, traumas etc. Além disso, ele também investiga o número de irmãos, os casamentos anteriores e etc.

Com essas informações em mãos, o terapeuta pede que o cliente escolha membros da família que, de acordo com ele, representam todo o grupo ou a ele mesmo. A partir daí, esse profissional relaciona as vivências desses membros com as do seu cliente, além das relações desses indivíduos dentro das “ordens do amor” e as conexões com o sistema familiar.

Na constelação, os principais “personagens” da família do indivíduo são representados por outras pessoas ou até mesmo por bonecos, que ajudam a ilustrar como a dinâmica da família foi construída e se encontra atualmente. Aos poucos, os sentimentos e pensamentos ocultos começam a vir à tona, e o indivíduo manifesta o que há de disfuncional nessa dinâmica. A constelação pode durar 5 minutos ou mais de uma hora, dependendo da complexidade do caso.

Com isso, o profissional e o cliente encontrarão uma solução para que os representantes encontrem um lugar em que se sintam bem, confortáveis e incluídos dentro do grupo familiar.

Quais são os contextos em que o método é aplicado?

A constelação familiar é, como o nome sugere, aplicada em ambientes familiares. Ela auxilia as pessoas na resolução de problemas mal-resolvidos no passado, geralmente envolvendo brigas, discussões entre pais e filhos, comunicação disfuncional, desequilíbrio entre irmãos, divórcios, entre outros problemas, como os citados anteriormente.

No entanto, além da constelação familiar, esse modelo de constelação sistêmica permite que a mesma lógica do método possa ser levada para outros contextos, como círculos de amigos e até mesmo relações entre os profissionais de uma empresa. Ao entender as características das nossas famílias, estaremos aptos para entender a nós mesmos e para resolver os nossos problemas em diversos contextos.

A quem a constelação familiar é indicada?

A constelação familiar pode ser feita por qualquer pessoa (exceto quem já esteja com problemas psiquiátricos diagnosticados), desde que seja supervisionada por um profissional qualificado e experiente. Todavia, ela será mais proveitosa nos casos em que a pessoa já consegue identificar que há algo disfuncional na sua vida e na sua dinâmica familiar, como:

  • Dificuldade de evoluir nas diferentes áreas da vida;
  • Sensação de estar “reproduzindo” as trajetórias e os erros dos pais;
  • Bloqueios em relacionamentos amorosos (medo, ciúme, traição, solidão, desprezo, obsessão, problemas sexuais);
  • Doenças físicas difíceis de diagnosticar;
  • Indisposição diante dos desafios da vida;
  • Brigas e discussões frequentes com familiares e cônjuge;
  • Busca contínua por aprovação externa;
  • Traumas de infância e dificuldade de acessar ou de lidar com essas memórias;
  • Crenças limitantes sobre diversos temas: amor, sexo, trabalho, religião, estudos, dinheiro, empreendedorismo, capacidades individuais etc.

Quais são os principais benefícios da constelação familiar?

A constelação familiar oferece diversos benefícios, entre os quais podemos citar:

 

  • Alívio das tensões

 

Muitas vezes, a constelação familiar é a oportunidade de que as pessoas tanto precisavam para identificar e externalizar os conflitos internos que já estavam sendo vivenciados. Esse tipo de terapia pode ajudar a pessoa a expressar as suas emoções e a compreender as suas origens, trazendo alívio e bem-estar.

 

  • Novos e melhores laços familiares

 

A constelação familiar pode ajudar as pessoas a desfazer problemas e a reconstruir laços mais saudáveis com os membros da sua família. As pessoas envolvidas podem conseguir olhar umas para as outras com novos olhares, valorizando a sua presença e construindo um convívio mais harmônico.

 

  • Restauração do equilíbrio nos relacionamentos

 

Os estudos de Bert Hellinger apontam que as pessoas tendem a reproduzir os erros que eram cometidos pelos seus antepassados no sistema familiar. Isso impacta negativamente os relacionamentos amorosos. Por isso, a constelação ajuda as pessoas a tomarem decisões mais precisas e a serem mais amorosas e equilibradas.

 

  • Benefícios na carreira

 

Sim, até mesmo a vida profissional pode ser beneficiada. Muitas crenças limitantes e atitudes depreciativas relacionadas à carreira têm origem em falas, crenças e atitudes dos nossos familiares. Dessa forma, o restabelecimento do equilíbrio dentro da família pode conferir ao indivíduo mais autonomia para conduzir a carreira de acordo com os seus sonhos e princípios.

 

  • Comportamentos equilibrados

 

Por mais que uma pessoa tenha bons valores e intenções, ela pode ter atitudes precipitadas e impulsivas, trazendo consequências negativas. A constelação ajuda o participante a identificar essas atitudes e a corrigi-las, proporcionando melhores relacionamentos familiares, amorosos, sociais e profissionais.

 

  • Saúde financeira

 

Muitas vezes, a má administração dos recursos financeiros de uma pessoa vem dos maus hábitos dos seus próprios antepassados. Por isso, a constelação familiar pode ajudar a pessoa a desenvolver melhores hábitos de administração do próprio dinheiro, o que, consequentemente, beneficia o ambiente e as relações em que se envolve.

 

  • Clareza de comunicação

 

Traumas familiares podem provocar problemas de comunicação: timidez, nervosismo, ansiedade, falta de clareza, explosões emocionais, enfim, obstáculos ao comunicar-se. Essas falhas de comunicação podem provocar novos problemas, em um círculo vicioso. Por isso, a constelação familiar pode tornar a pessoa mais confiante e objetiva ao falar e expressar o que sente, melhorando as suas relações em diferentes contextos.

Qual é a relação entre a constelação familiar e o coaching?

O coaching é um processo de desenvolvimento humano, que tem como um dos seus principais objetivos ajudar indivíduos e profissionais a superarem os seus traumas e desafios. Ele também envolve as crenças e bloqueios que as pessoas não compreendem de onde surgem, mas que acabam por limitar o seu progresso pessoal e também as suas carreiras.

Nesse sentido, tanto em sessões de coaching como em treinamentos, como é o caso do Professional & Self Coaching — PSC, nós falamos sobre a importância de se honrar e respeitar a própria história. Assim, tudo que o que você viveu ao longo da sua vida, bem como todas as experiências pelas quais passou precisa ser considerado. Dessa forma, você terá a oportunidade de seguir adiante e continuar caminhando rumo à concretização dos seus sonhos e objetivos.

Quando falamos sobre honrar e respeitar a própria história, estamos falando também de honrar e respeitar a história dos seus pais e de toda a sua família, procurando entender o papel de cada um. É preciso considerar as suas ações e comportamentos, compreendendo que todos fizeram e fazem o que está ao seu alcance para cuidar e dar o melhor a você. Cada familiar tem as ferramentas e recursos, internos e externos, que conhece e possui naquele momento.

Dessa maneira, ao compreender e elucidar melhor essas questões internamente, as suas chances de superar acontecimentos do passado, como traumas (principalmente aqueles que envolvem os seus pais), aumentam de forma significativa. Além disso, você tem a oportunidade de dar continuidade ao seu processo evolutivo, alcançando resultados extraordinários na sua vida.

Isso fica muito mais fácil e eficaz a partir das técnicas e ferramentas de coaching que você pode aprender no PSC. Permita-se conhecer essa poderosa metodologia de desenvolvimento humano e transformar, verdadeiramente, os rumos da sua história!

Agora, conte-nos: você já conhecia ou já tinha ouvido falar sobre constelações familiares? Já teve alguma vivência com esse método? Utilize o espaço abaixo para nos contar a sua experiência e deixar a sua opinião sobre o assunto. Além disso, se este conteúdo o ajudou de alguma maneira, curta e compartilhe este artigo nas suas redes sociais com quem mais possa se beneficiar deste conteúdo!

 

José Roberto Marques

Sobre o autor: José Roberto Marques é referência em Desenvolvimento Humano. Dedicou mais de 30 anos a fim de um propósito, o de fazer com que o ser humano seja capaz de atingir o seu Potencial Infinito! Para isso ele fundou o IBC, Instituto que é reconhecido internacionalmente. Professor convidado pela Universidade de Ohio e Palestrante da Brazil Conference, na Universidade de Harvard, JRM é responsável pela formação de mais de 50 mil Coaches através do PSC - Professional And Self Coaching, cujo os métodos são comprovados cientificamente através de estudo publicado pela UERJ . Além disso, é autor de mais de 50 livros publicados.



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