Conheça as características de uma liderança liberal

Liderança Liberal

Em uma empresa, o papel do líder é muito importante e exige que algumas características; como capacidade de conduzir e inspirar pessoas, impactá-las e influenciá-las de maneira positiva; componham o perfil desse profissional.  A rotina das organizações varia de acordo com cada empresa, e é natural que existam diferentes tipos de liderança, como a liderança liberal.

No passado, era comum observar no mercado chefes impacientes, que mandavam e desmandavam nos seus funcionários, de uma forma que chegava a intimidar os colaboradores. Atualmente, com os diversos e variados avanços, principalmente na área da tecnologia e no próprio perfil do colaborador, esse tipo de liderança tem perdido cada vez mais espaço no mercado.

Encontrar um líder em um mundo onde ocorrem constantes mudanças e na era globalizada se torna um desafio para empreendedores e empresários, que necessitam de profissionais capazes de liderar os seus colaboradores para resultados extraordinários dentro dos negócios.

Sabendo disso, no artigo de hoje, você vai conferir as principais características da liderança liberal, de modo que você conheça e analise se ela se encaixa ou não nos processos de sua empresa. Continue a leitura e confira!

Qual é a importância e qual é o papel do líder em uma empresa?

A habilidade de exercitar uma liderança efetiva é uma das soluções para se tornar um administrador eficaz. Os princípios da liderança são absolutamente inerentes aos da administração. Somente por meio das qualidades e características de um líder, possibilita-se a obtenção de sucesso no cargo de administrador, pois ele lidera pessoas, além de estar em contato direto com todos os departamentos da empresa.

A liderança é o ato de comandar, orientar e incentivar um grupo de pessoas, visando ao alcance de uma meta ou objetivo em comum. Ela pode surgir de maneira natural, no momento em que uma pessoa se destaca e acaba por assumir esse papel de forma informal, ou pode também ser atribuída, por meio de cargos, eleições e outros tipos de processos. 

Comumente, observa-se o surgimento de líderes em diversas áreas da vida. Para que um grupo de pessoas se reúna e se comporte em direção a um objetivo mútuo, é necessário também haver uma liderança eficaz. Assim, o papel do líder inclui:

  • Garantir a harmonia e a boa comunicação no grupo;
  • Delegar tarefas de maneira eficiente e eficaz;
  • Oferecer motivação e inspiração para os membros do grupo;
  • Organizar metas e prazos;
  • Determinar os melhores caminhos para chegar ao objetivo;
  • Prestar auxílio e tirar dúvidas;
  • Oferecer feedbacks completos, que fomentem o desenvolvimento contínuo dos membros da equipe.

Assim, é essencial enfatizar que um líder não é, necessariamente, um chefe. Um líder deve considerar-se membro da equipe e entender o seu papel na organização. Uma busca na literatura mostra uma gama de estilos de liderança, onde se destacam 3 estilos principais: o autocrático, o democrático e o liberal. A tabela 1 expõe algumas das características desses estilos de liderança:

O que é liderança liberal?

Com todas essas mudanças, surgiram novos tipos de líderes. Entre eles, está a liderança liberal, que consiste em líderes que escutam e dão a oportunidade para que os colaboradores tomem as decisões. 

A liderança liberal é definida pela ausência de uma influência direta do líder na evolução dos seus colaboradores, deixando que a equipe tome as decisões com liberdade e participando apenas quando a ação do líder for requisitada. Resumidamente, na sua liderança, o gestor liberal tem a função de ser um facilitador das atividades da sua equipe, fornecendo informações e estimulando os seus colaboradores.

Também conhecida como liderança laissez-faire, devido à expressão no francês laissez faire, laissez aller, laissez passer, que significa “deixe fazer, deixe ir, deixe passar”, a liderança liberal foi concebida de diferentes formas por vários teóricos. 

Um deles foi Kurt Lewin, um famoso psicólogo alemão, considerado um dos fundadores da Psicologia Social. No ano de 1939, em conjunto com colegas e alunos da Universidade de Iowa, conduziu experimentos para analisar o processo de decisão nos diferentes tipos de liderança.

Como atua o líder liberal?

O liberal é o tipo de líder que acredita no potencial do grupo e que tem pouca participação nele. O líder liberal parte do pressuposto de que as pessoas têm um nível de maturidade elevado, a ponto de não serem tão dependentes dele. Consegue entender que pode deixar a equipe à vontade, sem necessidade de acompanhamento constante.

Portanto, na maioria dos casos, uma empresa comandada por um gestor com essas características já apresenta uma maturidade nas relações interpessoais, além de uma comunicação eficiente e profissionais experientes, com autonomia para a tomada de decisões. Esse estilo de liderança conta com a capacidade de autogestão da equipe, o que não deve ser confundido com uma liderança omissa.

São características do estilo liberal de liderança: 

  • Deixar os profissionais livres para desenvolverem os seus planos e metas;
  • Participar minimamente nos processos da equipe;
  • Não delegar tarefas nem escolher quem serão os responsáveis por elas, permitindo que cada um escolha a tarefa para a qual sentir-se mais apto;
  • Não avaliar o rendimento dos colaboradores, exceto se solicitado;
  • Desenvolver responsabilidades, como a organização, a supervisão (sem microgerenciar) e a motivação da equipe.

Quais são as principais características da liderança liberal?

A estrutura da liderança liberal é baseada em 4 características principais: abordagem de não intervenção do líder, profissionais encarregados da tomada de decisões, responsabilidade do líder e indivíduos capacitados e autônomos. Entenda melhor esses 4 pilares a seguir.

  1. Abordagem de não intervenção (hands-off)

A essência da liderança liberal consiste no líder dar um passo atrás para permitir que os seus colaboradores consigam liderar e se desenvolver. Nesse tipo de estrutura, os gestores não tentam influenciar a tomada de decisões ou guiar o grupo nas tarefas e projetos.

O plano é garantir que o próprio grupo seja responsável por planejar e executar as ações necessárias para alcançar os objetivos estipulados, em longo prazo, determinados pelo líder. Dessa forma, o papel do líder é criar a estrutura necessária para os liderados tomarem as decisões e alcançarem os objetivos, ou seja, o líder tem um papel de apoio.

E mais, como o líder não interfere no processo de decisão, ele deve garantir que o grupo esteja bem preparado para tomar as decisões e levar a organização adiante. Quando os membros da equipe encontram problemas, o líder os ajuda a resolvê-los, mas o objetivo da abordagem de não intervenção é incentivar os liderados a tomarem a iniciativa e vencerem as dificuldades por conta própria.

É importante notar que a abordagem hands-off não deve ser confundida com indiferença. Um bom líder não fica em segundo plano por não se importar. Ele se coloca nessa posição para capacitar os profissionais e trazer o melhor dos seus talentos para a organização.

  1. Tomada de decisão nas mãos da equipe

Nesse tipo de liderança, o poder de decisão é centralizado totalmente nas mãos dos colaboradores. Embora o líder e a empresa, em geral, definam a visão e os objetivos de longo prazo, os liderados são responsáveis pela maioria das decisões do dia a dia.

Contrariamente à liderança democrática, o líder que delega não participa da tomada de decisões em suma. O processo de deliberação e decisão está apenas nas mãos dos colaboradores, que podem optar por envolver os outros ou podem tomar as decisões sem consultar os seus pares.

Nesse modelo, o intuito do líder é apoiar os profissionais, de modo que eles se tornem capazes de tomar decisões de maneira rápida e eficaz. Para isso, ele deve fornecer a devolutiva aos mesmos, a fim de melhorar esse processo e, no futuro, desenvolver todo esse conjunto de habilidades. Assim, os próprios colaboradores distribuem os seus papéis e tarefas entre si, de acordo com o conhecimento das suas capacidades.

Dentro da normalidade desse tipo de liderança, o líder atua como um mentor. Esse fato permite que os subordinados possam cometer erros e criar condições para que cada decisão seja um processo de aprendizado.

  1. A responsabilidade é sempre do líder

Nesse quesito, a liderança liberal não difere muito dos outros estilos de liderança, pois, mesmo com o líder não participando diretamente do processo de tomada de decisão, a responsabilidade continua sobre ele. No sistema liberal, o líder é responsável por reunir a equipe, ou seja, é papel dele formar o grupo, com especialistas altamente qualificados para atingir os objetivos.

Portanto, se os negócios não funcionam bem, a responsabilidade é do líder, de não ter posicionado corretamente as pessoas certas nos lugares certos. No entanto, isso não significa que os colaboradores estão completamente livres de responsabilidades.

O líder liberal efetivo estabelece uma série de ações para garantir que os colaboradores mantenham o foco em alcançar os melhores resultados, sem correr grandes riscos. Essa característica proporciona um ambiente descontraído para os profissionais buscarem os objetivos e tomarem as decisões necessárias.

  1. Profissionais capacitados e autônomos

Como a participação do líder é bastante limitada nesse tipo de liderança, o conhecimento, a capacidade de resolver problemas e a autonomia dos colaboradores precisam ser mais elevados do que nos outros tipos. 

Nesse sistema, os profissionais devem ser eficientes em automonitoramento, ou seja, policiar as próprias ações dentro da empresa. Como o líder permite a liberdade para planejar e realizar as tarefas, eles devem ter a capacidade de trabalhar dessa forma mais livre, o que pode ser difícil para novos colaboradores, por exemplo.

Outra característica importante da equipe do líder liberal é a sua capacidade de resolver problemas. Como o líder não se envolve diretamente na superação dos obstáculos, os indivíduos devem ser criativos e capazes de pensar fora do âmbito empresarial e do seu próprio eixo.

Além disso, o colaborador nesse sistema deve ser qualificado e experiente. A responsabilidade de resolver os problemas e criar os processos para atingir as metas exige que ele tenha uma compreensão da organização, do setor e dos diferentes requisitos das tarefas. Cabe ao líder proporcionar todo esse conhecimento.

Portanto, o líder deve garantir que os profissionais tenham os recursos e oportunidades para desenvolver as suas habilidades, o que inclui materiais de apoio, dados atualizados, tecnologias eficazes, cursos e treinamentos. No entanto, o colaborador também precisa ter vontade de aprender sempre mais e se responsabilizar pela sua carreira e atividades.

Quais são as vantagens da liderança liberal?

A liderança liberal é uma forma de demonstrar confiança na capacidade dos colaboradores e de dar a eles mais autonomia. Um grupo de especialistas, por exemplo, tem o conhecimento e as habilidades para trabalhar de forma independente. É capaz de realizar tarefas com pouca orientação.

Além disso, podemos citar como as principais vantagens da liderança liberal:

  • Promoção e desenvolvimento da autoconfiança dos profissionais;
  • Melhora no relacionamento interpessoal dos integrantes da equipe;
  • Contribuição para o aumento da eficiência dos colaboradores;
  • Aumento da motivação do grupo;
  • Desenvolvimento de habilidades e capacidades de trabalhar por conta própria;
  • Oferecimento de competências para que a equipe seja capaz de trabalhar com pouca informação, caso necessário;
  • Viabilização de autonomia para a equipe;
  • Incentivo à inovação e à criatividade, sem medo de punições;
  • Foco nos resultados, já que a alta especialização confere mais agilidade nas ações estratégicas.

Há desvantagens nesse modelo?

Embora a liderança liberal tenha as suas vantagens, ela também pode apresentar algumas desvantagens, incluindo:

  • Falta de direção: como os membros da equipe têm muita liberdade para tomar decisões, pode haver uma falta de direção clara e uma falta de foco no objetivo geral, caso o líder seja omisso;
  • Falta de controle: a liderança liberal pode levar a uma falta de controle sobre o progresso do projeto ou da organização, o que pode levar a resultados inconsistentes ou abaixo do esperado;
  • Conflitos: em alguns casos, a liberdade dada aos membros da equipe pode levar a conflitos e desacordos entre os membros, especialmente quando eles têm opiniões conflitantes sobre como as coisas devem ser feitas;
  • Tomada de decisão lenta: como a liderança liberal incentiva a colaboração e a discussão em equipe, isso pode levar a uma tomada de decisão mais lenta, o que pode ser problemático nas situações em que é necessário tomar decisões rápidas;
  • Falta de accountability: já que os membros da equipe têm muita liberdade, pode ser difícil responsabilizá-los por resultados negativos, o que pode levar a uma falta de responsabilidade e de motivação.

Quando a liderança liberal não é a ideal?

A implementação da liderança liberal é estabelecida com o objetivo de promover liberdade aos colaboradores quanto à realização das suas atividades e, assim, desenvolver profissionais comprometidos, responsáveis e habilidosos. Conhecendo as vantagens e desvantagens do modelo, porém, entendemos que, em alguns casos, ela não é a melhor opção para um gestor e a sua equipe. Saiba em que situações isso ocorre:

  • Quando os colaboradores não possuem conhecimento e experiência para colocar em prática as atividades;
  • Quando os profissionais não conseguem definir prazos;
  • Quando a equipe não é capaz de resolver problemas por conta própria;
  • Quando os colaboradores enxergam a presença mínima do líder como uma possibilidade de reduzir o rendimento no trabalho;
  • Quando existe falta de familiaridade com os processos necessários para a realização de um projeto;
  • Quando a empresa passa por uma situação delicada ou quando o projeto em andamento é muito complexo;
  • Quando a equipe é jovem, formada por colaboradores recém-contratados que ainda precisam de mais capacitação para desenvolver a autonomia e a autoconfiança.

Mesmo nas circunstâncias favoráveis ao desenvolvimento da liderança liberal, porém, é necessário que o gestor esteja atento para que os colaboradores — até os seniores — não fiquem sem condução, nem cometam erros graves que prejudiquem o desempenho da empresa. O bom senso é sempre a regra de ouro a ser adotada!

Considerações finais

Em conclusão, é um papel da corporação entender e fazer um bom aproveitamento do perfil dos seus profissionais, bem como analisar se a liderança liberal é a ideal para nortear os seus processos. 

Se, eventualmente, esse estilo de liderança for adotado em uma equipe que não o comporta, sérios problemas podem surgir, como: desmotivação, atraso e/ou perda de prazos, sinais de individualismo, insatisfação, baixo rendimento, falta de respeito com o líder, queda na entrega de resultados e consequências negativas para a rentabilidade do negócio.

Portanto, é essencial que, ao desempenhar a liderança liberal, o gestor tenha conhecimento e informações necessárias para desempenhar essa função, além de conhecer bem o perfil da sua equipe para ter a segurança de que ela é capaz de trabalhar norteada por esse tipo de liderança. Assim, a equipe conseguirá realizar as suas atividades com excelência e alcançar resultados positivos para a organização.

E você, gostou de conhecer um pouco mais sobre a liderança liberal? Qual é a sua opinião sobre este estilo de gestão? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!

José Roberto Marques

Sobre o autor: José Roberto Marques é referência em Desenvolvimento Humano. Dedicou mais de 30 anos a fim de um propósito, o de fazer com que o ser humano seja capaz de atingir o seu Potencial Infinito! Para isso ele fundou o IBC, Instituto que é reconhecido internacionalmente. Professor convidado pela Universidade de Ohio e Palestrante da Brazil Conference, na Universidade de Harvard, JRM é responsável pela formação de mais de 50 mil Coaches através do PSC - Professional And Self Coaching, cujo os métodos são comprovados cientificamente através de estudo publicado pela UERJ . Além disso, é autor de mais de 50 livros publicados.



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