“Os fins justificam os meios”: que problemas esse pensamento pode causar?

Existe uma frase bastante conhecida que diz que os fins justificam os meios. Ela é atribuída a Nicolau Maquiavel por conta das ideias apresentadas em seu livro O Príncipe, mas, na realidade, foi citada na obra Heroides, do poeta romano Ovídio. 

O seu significado está ligado ao pensamento de que a ética pode ser ignorada quando existe um bom motivo para tal, ou seja, que vale tudo para alcançar o que se deseja, principalmente se for o poder.

Neste artigo, falaremos sobre as origens dessa frase, os contextos em que ela é comumente empregada e os problemas que ela pode causar quando se torna uma espécie de “estilo de vida”. Para saber mais, é só continuar a leitura a seguir!

“Os fins justificam os meios”: o que isso significa?

A frase “os fins justificam os meios” é comumente associada a Nicolau Maquiavel, um filósofo político italiano do século XVI. No entanto, a origem da frase remonta ao poeta romano Ovídio, que escreveu “audentes Fortuna iuvat” ou “Fortuna favorece os audazes”. 

A ideia de que “os fins justificam os meios” implica que um objetivo importante pode ser alcançado, mesmo que isso envolva ações moralmente questionáveis. Essa ideia tem sido criticada por muitos filósofos e líderes religiosos ao longo da história.

As pessoas costumam fazer uso dessa frase quando precisam “abrir exceções” aos seus próprios princípios diante de um motivo pelo qual isso valha a pena. Por exemplo, se alguém precisa faltar ao trabalho para levar um filho ao médico, pode ser que a pessoa se valha dessa frase, em nome de uma necessidade maior.

No entanto, a citação muitas vezes é utilizada para ilustrar as atitudes de pessoas desonestas e até mesmo de governantes que recorrem a meios ilícitos para perpetuarem-se no poder. Essa frase é o oposto do que defende a tradição cristã, sobretudo em outra frase, atribuída a São Tomás de Aquino: “Não se pode justificar uma ação má com boa intenção. O fim não justifica os meios”.

Da mesma maneira, o escritor inglês Aldous Huxley dizia que os fins não podem justificar os meios, tendo em vista que os meios empregados determinam a natureza dos fins a serem conquistados.

Por que é problemático pensar que os fins justificam os meios?

Cada indivíduo tem os seus valores, que são as suas regras de conduta e as crenças que determinam o que ele considera certo ou errado. Esses pensamentos são formados ao longo da vida, por meio da educação recebida na infância e das experiências vividas. Passar por cima disso para obter poder, algum tipo de vantagem ou alcançar qualquer outro objetivo é problemático por diversos motivos.

Uma pessoa que acredita que os fins justificam os meios poderá realizar ações como: mentir no currículo para conseguir um trabalho, colar em provas e fingir ter um conhecimento que não possui, enganar amigos para obter vantagens e mais uma série de atitudes totalmente reprováveis e prejudiciais. É um pensamento que dá brecha para infringir a ética, e as consequências disso podem ser desastrosas.

Ao mentir no currículo, um indivíduo poderá conseguir uma oportunidade para a qual não está devidamente preparado, uma mentira que logo será percebida com o seu desempenho, que não estará de acordo com o descrito no documento. Além do mais, dependendo da função a ser executada, essa mentira poderá fazer com que ele coloque a si e a outras pessoas em risco.

Assim acontece com todas as outras situações nas quais os fins são colocados acima da ética. Por mais que escolher o caminho correto e seguir princípios morais possa ser mais trabalhoso e desafiador, é o tipo de escolha que traz resultados duradouros. Ainda citando o exemplo do currículo, capacitar-se dá mais trabalho do que mentir no currículo, mas é a melhor maneira de conseguir boas oportunidades e honrá-las com um bom desempenho.

Os meios determinam os fins?

Seguindo a linha de raciocínio do exemplo apresentado, sobre mentir no currículo ou realmente se capacitar para concorrer a uma vaga de trabalho, vemos que, na realidade, são os meios que determinam os fins. São as atitudes que escolhemos ter que determinam os frutos que poderemos colher no futuro.

Mentir no currículo afirmando ter certas experiências e habilidades que não se tem pode levar uma pessoa a apresentar um desempenho ruim e ser dispensada pela empresa logo que isso for percebido. Da mesma maneira, escolher se capacitar tem como consequência o desempenho satisfatório, levando o profissional a se desenvolver, construir uma carreira sólida e conquistar oportunidades cada vez melhores.

Isso se aplica também aos relacionamentos. Mentir para um amigo sobre algo que fez e que poderia magoá-lo pode fazer com que, ao descobrir a mentira, ele rompa a amizade por dois motivos: a situação em questão e a quebra de confiança. Entretanto, ao escolher dizer a verdade, por mais que ele possa se sentir mal, ao menos verá a sinceridade nessa atitude.

Afinal, como equilibrar valores entre meios e fins?

Quem acredita que os fins justificam os meios desenvolve uma postura seletiva e, muitas vezes, incoerente. São pessoas que fazem uso de valores em algumas situações, mas que abrem mão deles em outras, fazendo essas escolhas de acordo com as vantagens que podem obter. Na prática, isso significa que essa pessoa não tem valor algum, afinal de contas, quem tem princípios os segue em todas as circunstâncias.

No fim das contas, o melhor que podemos fazer é sempre sermos fiéis aos nossos valores e não agirmos de forma que vá contra eles. Portanto, conheça a si mesmo, tenha clareza em relação ao que considera certo e errado e aplique esses princípios nas suas ações. Assim, você poderá se dedicar e buscar os seus objetivos sem prejudicar ou ferir ninguém, o que lhe renderá a consciência tranquila e a satisfação de alcançar as suas metas por méritos próprios e com ética.

Nesse sentido, um valor bastante importante para se basear quando uma situação envolve terceiros é a empatia, que é a habilidade de se colocar no lugar do outro para tentar imaginar como ele se sente. Assim, fica mais simples entender até onde ir sem prejudicar alguém, sem deixar que os fins justifiquem atitudes prejudiciais. Em resumo, não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem com você.

Como fazer a coisa certa?

Para finalizar, fique com algumas dicas de como escolher os meios certos para alcançar os seus objetivos.

 

  • Saiba quais são os seus valores

 

Os seus valores devem determinar o seu modus operandi, ou seja, a sua maneira de agir e as escolhas que faz. Sendo assim, investir em autoconhecimento é fundamental, pois permite que você aja com confiança e sem ir contra as suas convicções. Dessa forma, pense nos princípios em que você acredita, de acordo com as suas vivências até aqui: honestidade, empatia, altruísmo, respeito etc. Coloque esses valores em prática sempre, e não apenas quando for conveniente.

 

  • Considere como as suas atitudes podem afetar os outros

 

Antes de ter uma atitude que vá impactar terceiros, pense no que ela pode gerar e se há o risco de prejudicá-los de alguma forma. Se a resposta for sim, imagine-se no lugar deles, uma vez que essa atitude o ajudará a ter uma perspectiva diferente e empática, que fará com que repense certos comportamentos. Em linhas gerais, lembre-se da velha máxima de agir em relação aos outros da mesma forma como você gostaria que eles agissem em relação a você.

 

  • Inspire as pessoas por meio do exemplo

 

Você já parou para pensar que o seu comportamento pode inspirar outras pessoas? Isso se torna ainda mais forte se você tem papéis de destaque em certos contextos, como ser pai/mãe, líder de uma equipe, posição política, e assim por diante. Ao ter boas atitudes, você está plantando sementes e influenciando terceiros a seguirem pelo mesmo caminho, contribuindo, assim, para um mundo melhor. Ter valores é importante, mas evidencie-os por meio das suas atitudes, mais do que das palavras.

 

  • Administre as suas emoções

 

Se você deixar as emoções tomarem conta em determinadas situações, pode acontecer de agir de formas que, racionalmente, considera inadequadas, podendo se arrepender no futuro. Por isso, é importante aprender a gerenciar os sentimentos, e o melhor caminho para isso é o autoconhecimento. Você não deve reprimir as suas emoções, mas deve compreender que elas são estados temporários, que não devem determinar completamente o seu comportamento. Equilibre-as com a razão.

 

  • Pense antes de abrir exceções

 

Há momentos da vida em que temos que abrir exceções, como no exemplo que citamos da pessoa que precisa faltar ao trabalho para socorrer o filho doente. No entanto, mesmo ao abrir essas exceções, é importante ser honesto e transparente, conversando com as pessoas que podem ser impactadas pelas decisões tomadas. O diálogo é fundamental, e, nesse caso, não se trata de abrir mão de valores, mas de identificar prioridades.

Concluindo, os meios são tão importantes quanto os fins, ou seja, as atitudes que você toma são tão importantes quanto os objetivos que pretende alcançar. Assim, a jornada tem tanto valor quanto a chegada ao destino, pois nela é possível se conhecer melhor, errar, aprender com os erros e, assim, trilhar uma trajetória de desenvolvimento e evolução.

E você, ser de luz, já tinha parado para pensar a respeito dessa ideia de que os fins justificam os meios? Qual é a sua opinião sobre essa frase tão conhecida? Deixe o seu comentário no espaço a seguir. Além do mais, que tal levar estas informações a todos os seus amigos, colegas de trabalho, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas? Compartilhe este artigo nas suas redes sociais!

José Roberto Marques

Sobre o autor: José Roberto Marques é referência em Desenvolvimento Humano. Dedicou mais de 30 anos a fim de um propósito, o de fazer com que o ser humano seja capaz de atingir o seu Potencial Infinito! Para isso ele fundou o IBC, Instituto que é reconhecido internacionalmente. Professor convidado pela Universidade de Ohio e Palestrante da Brazil Conference, na Universidade de Harvard, JRM é responsável pela formação de mais de 50 mil Coaches através do PSC - Professional And Self Coaching, cujo os métodos são comprovados cientificamente através de estudo publicado pela UERJ . Além disso, é autor de mais de 50 livros publicados.



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