Empreendedorismo Social – Um novo conceito entre os empresários

planeta e bonecos de mãos dadas

O empreendedorismo social é aquele que apresenta e desenvolve soluções inovadoras para atender aos problemas sociais. Esses empresários são profissionais ambiciosos e persistentes, que se preocupam com as grandes questões sociais. Estão em busca de ideias que tragam mudanças em grande escala para melhorar a qualidade de vida da população.

Ser um empreendedor social significa maximizar o capital social para realizar mais iniciativas, programas e ações para o desenvolvimento sustentável de uma comunidade, cidade ou região. O empreendedorismo social surge especialmente em contextos turbulentos, de crise e de desafios econômicos, sociais e ambientais.

Neste artigo, você vai conferir:

  • O que é o empreendedorismo social;
  • O que o difere do empreendedorismo tradicional, da assistência social e das ONGS;
  • Os 3 componentes que caracterizam esse tipo de empreendedorismo;
  • Os benefícios que essas iniciativas promovem;
  • Exemplos de empreendedorismo social no Brasil.

Demais, não é mesmo? Então, continue a leitura e saiba tudo sobre o tema!

O que é empreendedorismo social?

O empreendedorismo social é um conjunto de ações empreendedoras que buscam a melhoria da sociedade em algum aspecto. Para isso, os empreendedores criam medidas que podem, ao mesmo tempo, ser lucrativas e sociais.

Trata-se de um tipo de empreendedorismo que busca implantar medidas sustentáveis. A ideia é conciliar os avanços tecnológicos e outros progressos sociais com um meio mais sustentável. Assim, é possível que todos tenham acesso a melhores condições de vida.

Uma das metas do empreendedorismo social é reduzir as desigualdades sociais e econômicas. Para isso, são criados modelos de negócios que não geram somente dinheiro. Esses empreendimentos trazem melhorias em todos os setores existentes em uma sociedade. É uma forma de empreender que deseja construir uma vida mais justa, preservando o meio ambiente e reduzindo as distâncias sociais.

Qual é a diferença entre o empreendedorismo social e o empreendedorismo tradicional?

O empreendedorismo tradicional é aquele por meio do qual as empresas oferecem serviços e produtos à sociedade. Assim, essas organizações conseguem lucrar e prosperar cada vez mais com aquilo que arrecadam com as suas vendas.

No empreendedorismo social, também pode haver lucro, mas, nesse caso, existe também um grande objetivo social. Há o desejo de melhorar a vida das pessoas impactadas pelo empreendimento.

As empresas tradicionais até podem fazer algum tipo de ação em benefício de determinadas causas sociais, mas esse não é o seu foco principal. Já no empreendedorismo social, as causas sociais são o principal motivo da existência da companhia. Não é somente uma ação para dar mais visibilidade para a organização, é a essência do negócio.

Outra diferença importante é que as empresas tradicionais segmentam o mercado com vistas a atender a um público-alvo específico, que possa pagar pelas suas soluções. A empresa social, entretanto, vai ao encontro de populações carentes, marginalizadas e não atendidas pelo empreendedorismo clássico. Por isso, ela até pode ter fins lucrativos, mas o seu principal propósito é atender aos apelos dos grupos mais necessitados.

Quais são os 3 componentes fundamentais do empreendedorismo social?

Toda iniciativa de empreendedorismo social é constituída por 3 elementos. Confira quais são eles.

1.    O diagnóstico

O primeiro passo para a criação de um empreendimento social é a identificação de alguma necessidade ou injustiça. Nesse contexto, a injustiça se refere à percepção de que um segmento específico da sociedade está sendo excluído ou que existe algum grande sofrimento no planeta. Em geral, as pessoas mais impactadas por essas questões não têm recursos financeiros ou influência política para alcançar soluções.

Entre esses principais problemas, podem ser citados:

  • Educação de má qualidade, analfabetismo e exclusão digital;
  • Falta de moradia;
  • Desnutrição e atendimento médico precário;
  • Subemprego e desemprego;
  • Exclusão social de determinados grupos: mulheres, negros, pessoas com deficiência, comunidade LGBTQIA+, entre outros;
  • Violações aos Direitos Humanos (violência, preconceito, escravidão etc.);
  • Problemas ambientais: maus tratos a animais, desmatamento, queimadas, poluição, mau uso dos recursos naturais (com incentivo ao desenvolvimento de energias renováveis, reciclagem e indústrias limpas).

2.    A identificação da oportunidade

Após o diagnóstico desse problema, ele deve gerar uma oportunidade de negócio. Isso significa desenvolver uma ideia de empresa que ofereça uma solução para os impactados pelo problema. Esse trabalho é feito com a iniciativa do empreendedor e com a sua capacidade de formar equipes motivadas, criativas e inspiradas. É preciso ter coragem para transformar a realidade.

Empresas que pesquisam e desenvolvem energias limpas e renováveis, por exemplo, prestam um serviço essencial a um grave problema social: o uso de combustíveis não renováveis e altamente poluentes, que provocam uma série de impactos ao meio. Assim, a ideia é desenvolver produtos, serviços e ações que resolvam os problemas diagnosticados na etapa anterior.

3.    A criação de uma nova realidade

A ideia é que, após a implementação desse novo negócio, os problemas sociais identificados sejam minimizados. Com isso, a população afetada ganha mais qualidade de vida. Esse é o grande objetivo do empreendedorismo social. Não é como uma empresa convencional, que está focada em alcançar boa lucratividade. Há o desejo de fazer do mundo um lugar melhor.

É claro que pode haver lucro nessas iniciativas, mas o seu objetivo principal (missão e visão) é a resolução do problema diagnosticado. Dessa forma, há uma transformação positiva da realidade das vítimas do problema em questão.

O que difere o empreendedorismo social, a assistência social e as ONGs?

À primeira vista, os conceitos de empreendedorismo social, assistência social e ONGs parecem bem similares. Os 3 têm o objetivo de promover alguma melhoria quanto aos já citados problemas da sociedade. Contudo, existem sim algumas diferenças básicas entre eles.

O empreendedorismo social é uma iniciativa que tem o objetivo de resolver um determinado problema social e ampliar a sua atuação para áreas cada vez maiores. A prestação da assistência social, entretanto, fica sempre limitada a uma mesma localidade, restringindo o seu potencial de atuação. No empreendedorismo social, porém, a ideia é fazer com que esse negócio prospere, ampliando cada vez mais a sua abrangência, em diferentes bairros, cidades e países — como uma grande empresa.

Quanto às ONGs, elas também lutam pelas mesmas causas dos empreendedores sociais. Entretanto, essas organizações são completamente dependentes das doações de pessoas físicas, empresas, fundações e até do governo para manter as suas ações. No empreendedorismo social, porém, a empresa é autossustentável e pode gerar lucro. Essas instituições até podem receber doações de terceiros, mas não dependem delas para sobreviver e crescer.

Há um investimento essencial dos próprios empreendedores. Assim, o empreendedorismo social constitui um conjunto de atividades econômicas. As empresas desse tipo reinvestem os seus lucros no seu próprio progresso para promover ainda mais melhorias na sociedade.

Quais são os principais benefícios do empreendedorismo social?

Como você já deve imaginar, há diversas vantagens associadas ao empreendedorismo social — para a sociedade, para o empreendedor e para o próprio colaborador. Confira!

  1. Atendimento a populações carentes

É sabido que o Estado não tem conseguido atender a todas as demandas da população, em especial as mais vulneráveis. A desigualdade social impossibilita o acesso das classes sociais inferiores a itens como: educação, atendimento médico, moradia, trabalho formal, lazer, entre outras questões. Assim, o empreendedorismo social ajuda, em particular, essas pessoas a obterem mais qualidade de vida.

  1. Levantamento de recursos financeiros

Conforma citamos, as ONGs e iniciativas assistencialistas dependem muito das doações das pessoas e dos governos. No caso do empreendedorismo social, porém, estamos falando de iniciativas que contam com o aporte direto dos empresários, que fazem delas a missão das suas empresas. Portanto, é uma maneira mais eficaz e menos burocrática de obter recursos para dar vida a esses projetos humanitários.

  1. Soluções inovadoras para questões antigas

Como qualquer empresa, os empreendimentos sociais também investem em si mesmos, sobretudo na contratação de bons profissionais, na tecnologia e nas pesquisas. Esse somatório de fatores possibilita que soluções eficazes e inovadoras surjam para resolver problemas bem antigos em diferentes áreas, como: educação, economia, ecologia, energia, geração de empregos, saúde, habitação, educação financeira, alimentação, moradia, inclusão social, tecnologia, entre outros.

  1. Negócios autossustentáveis e socialmente responsáveis

Os empreendedores sociais forjam a sua própria fonte de renda, constituindo negócios autossustentáveis. Eles dependem menos do apoio da sociedade e do governo para se manterem. Assim, são capazes de adotar soluções eficazes aos problemas diagnosticados, podendo crescer em larga escala e levar essas soluções a outros municípios, estados e até países — especialmente quando há parcerias com outras instituições.

  1. Trabalho em rede

Por falar em parcerias, é importante que uma empresa de empreendedorismo social bem-sucedida em uma região encontre meios de reproduzir as suas soluções em outras localidades. Dessa forma, os benefícios produzidos se expandem a outras pessoas que deles precisem. Esse trabalho em rede, com outras empresas locais, facilita a reprodução de projetos bem-sucedidos, ampliando as iniciativas sociais.

  1. Renovação de valores organizacionais

Melhores condições de vida, respeito à natureza, redução das desigualdades sociais, profissionalização, informação e cultura: esses são valores que o empreendedorismo social resgata e divulga, mas que parecem ter sido esquecidos pelo empreendedorismo tradicional, em que o lucro parece ser a prioridade. Assim, essas iniciativas recuperam esses princípios tão essenciais para a humanidade.

  1. Senso de propósito aos próprios colaboradores

Muitas vezes, os próprios colaboradores se sentem desmotivados quando percebem que o único propósito para o seu trabalho é o salário. No empreendedorismo social, entretanto, esse senso de propósito vai além, pois cada colaborador envolvido se sente parte dessas melhorias que estão sendo promovidas na sociedade. Quando a carreira e o propósito de vida estão alinhados, confere-se mais nobreza e dignidade ao trabalho.

O que é preciso para ser um empreendedor social?

Na sequência, você vai conferir alguns atributos fundamentais para todos aqueles que são ou desejam ser empreendedores sociais: conhecimentos, habilidades, atitudes e competências.

  1. Conhecimentos
  • Identificação de oportunidades de negócios;
  • Administração de empresas;
  • Gestão de pessoas;
  • Gestão financeira;
  • Aplicação de soluções empresariais a problemas sociais.
  1. Habilidades
  • Visão sistêmica;
  • Iniciativa;
  • Inteligência emocional;
  • Capacidade de trabalhar em equipe;
  • Noções de negociação;
  • Pensamento e planejamento estratégico;
  • Organização e disciplina;
  • Atenção aos detalhes;
  • Agilidade;
  • Criatividade;
  • Senso crítico;
  • Capacidade de acompanhar as mudanças do mundo, da sociedade, da ciência, da tecnologia e do próprio comportamento humano;
  • Flexibilidade e adaptabilidade;
  • Foco;
  • Inovação;
  • Inteligência;
  • Objetividade.
  1. Atitudes
  • Não conformar-se diante dos problemas sociais e injustiças identificados;
  • Ser determinado ao pesquisar soluções;
  • Engajar-se com a causa e divulgá-la para obter mais engajamento;
  • Ter ética e lealdade à missão assumida;
  • Agir sempre com transparência e profissionalismo;
  • Ser um verdadeiro apaixonado pelo que faz.
  1. Competências
  • Visão clara;
  • Comunicação eficaz;
  • Responsabilidade;
  • Solidariedade;
  • Sensibilidade;
  • Persistência;
  • Liderança;
  • Resiliência;
  • Capacidade de correr riscos calculados;
  • Motivação;
  • Capacidade de improviso;
  • Integração de diferentes agentes da sociedade em prol de uma causa.

Quais são os exemplos mais conhecidos do empreendedorismo social no Brasil?

O Brasil conta com bons exemplos de empresas de empreendedorismo social. Isso se deve ao fato de sermos uma nação bastante desigual, repleta de problemas sociais que precisam ser resolvidos. Nesse sentido, confira 3 dos principais exemplos do nosso país:

1.    Projeto Tamar

O Projeto Tamar foi fundado na Bahia em 1980, com o objetivo de proteger as tartarugas marinhas, em extinção no litoral brasileiro. Atualmente, há diversas unidades do projeto em estados do Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil, protegendo variadas espécies da vida marinha.

A atuação da empresa se concentra em 3 linhas: conservação e pesquisas aplicadas, educação ambiental e desenvolvimento local sustentável. A ideia envolve também diminuir a pressão das atividades humanas sobre o ecossistema marinho, auxiliando na sua conservação e na preservação do habitat das espécies.

2.    Instituto Chapada

O Instituto Chapada é um empreendimento criado em 2006 com a finalidade de oferecer formação continuada a professores e coordenadores pedagógicos, entre outras ações. O seu objetivo é beneficiar a qualidade do ensino público em determinados municípios da Bahia, embora a iniciativa já esteja se propagando para outros estados (Alagoas e Pernambuco).

O foco das ações está na educação infantil e no ensino fundamental. A sua metodologia de ensino envolve a formação de equipes técnicas (professores, gestores e coordenadores pedagógicos), a gestão da aprendizagem e das redes de ensino, a produção e a sistematização do conhecimento e a mobilização social e política para a causa da educação.

3.    GRAACC

O GRAACC, Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer, é um instituto que foi criado em 1991. O seu objetivo é proporcionar às crianças e aos adolescentes com câncer um tratamento médico de qualidade. O seu propósito é ser um centro médico de referência em ensino, pesquisa, diagnóstico e tratamento do câncer infantojuvenil. A prioridade é concedida à população de baixa renda.

Atualmente, possui parceria com a UNIFESP, estando vinculado ao departamento de pediatria da Escola Paulista de Medicina. Oferece atendimento ambulatorial, internações em enfermaria e unidade de terapia intensiva (UTI), quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Conta com oncologistas, pediatras, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas, enfermeiros e demais profissionais da área da saúde, proporcionando um atendimento amplo.

Conclusão

O empreendedorismo social está ganhando cada vez mais força na sociedade atual. Ele é composto por empresas privadas, que são edificadas com o objetivo de resolver problemas diagnosticados na sociedade, embora o lucro também possa existir. Essas iniciativas revelam um espírito consciente e solidário de parte dos empresários, mas, por outro lado, mostram como a nossa sociedade ainda é desigual e problemática em diferentes aspectos.

E você, ser de luz, conhece mais alguma iniciativa de empreendedorismo social? O que pensa sobre o tema? Deixe um comentário no espaço a seguir com a sua opinião. Por fim, como notícia boa a gente espalha, não deixe de compartilhar este artigo nas suas redes sociais. Leve estas informações a todos os seus amigos, colegas, familiares e a quem mais possa se beneficiar delas!

José Roberto Marques

Sobre o autor: José Roberto Marques é referência em Desenvolvimento Humano. Dedicou mais de 30 anos a fim de um propósito, o de fazer com que o ser humano seja capaz de atingir o seu Potencial Infinito! Para isso ele fundou o IBC, Instituto que é reconhecido internacionalmente. Professor convidado pela Universidade de Ohio e Palestrante da Brazil Conference, na Universidade de Harvard, JRM é responsável pela formação de mais de 50 mil Coaches através do PSC - Professional And Self Coaching, cujo os métodos são comprovados cientificamente através de estudo publicado pela UERJ . Além disso, é autor de mais de 50 livros publicados.



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