Gestão Destrutiva: Quais os Limites da Pressão?

A palavra de ordem é pressão. E esse é um traço normal no dia a dia das empresas. Afinal, todas trabalham para bater metas, alcançar objetivos, ultrapassar e superar os concorrentes, mas até que ponto essa pressão por resultados é positiva? 

É fato que há colaboradores que respondem melhor a esse sistema. No entanto, quando a pressão ultrapassa os limites, ameaçando a integridade física e principalmente psicológica do funcionário, é hora de rever os conceitos. A empresa pode ter implantado um sistema de gestão destrutiva.

No artigo a seguir iremos explicar com mais detalhes no que consiste a gestão destrutiva e como ela pode ser prejudicial para a empresa e para os colaboradores. A pressão precisa ter limites para funcionar como impulso e não ser apenas um fator de incômodo.

O que é gestão destrutiva? 

No dia a dia nos deparamos com prazos, metas e estamos sempre sendo cobrados a oferecer mais. Se isso acontece em um nível saudável, a pressão pode ser positiva, pois motiva, estimula e mostra ao colaborador que ele tem potencial para ir além. 

Mas, quando excede o nível do tolerável e desgasta física e psicologicamente, a pressão pode se tornar perigosa e levar a casos extremos. Nesse sentido, ter um líder preparado para identificar e corrigir as limitações e problemas do funcionário é fundamental para que este possa desempenhar melhor sua função, e em condições adequadas.

A gestão destrutiva tem como sua principal marca a pressão constante. Há a compreensão de que manter os colaboradores pressionados os incentivará a entregar cada vez melhores resultados. No entanto, pressionar além do limite não é uma estratégia saudável e pode ter resultados trágicos como veremos a seguir. 

O caso da Renault

Esse tipo de gestão é mais comum do que imaginamos, mas há casos extremos como os da Renault. Em menos de seis meses, entre 2006 e 2007, três funcionários da empresa tiraram a própria vida. 

Um dos casos que ganhou maior repercussão foi o de um engenheiro da computação, de 39 anos. Devido às fortes pressões, alta carga horária de trabalho e estresse, ele perdeu oito quilos, e atentou contra a própria vida no centro de pesquisa da empresa, o Technocentre de Guyancourt.

A montadora foi considerada culpada pelo falecimento do funcionário e a justiça francesa entendeu e declarou que ela foi negligente em relação à situação do engenheiro. A sentença foi a de pagar o valor correspondente à pensão total, que seria destinada à família. 

Mas, convenhamos que este caso poderia não ter passado da página um, se as condições de trabalho fossem adequadas. Ao identificar o mínimo sinal de um ambiente destrutivo, o gestor da companhia deve iniciar um plano para resolver a questão. O bem-estar dos colaboradores se reflete em melhores resultados. 

Como evitar a gestão destrutiva?

Talvez você esteja se perguntando por que algumas pessoas são submetidas à mesma pressão e não enfrentam o desgaste físico e psicológico no mesmo nível. A resposta para essa questão é que cada indivíduo tem as suas particularidades.

Um profissional que não é afetado por uma pressão extra, geralmente o faz porque consegue gerenciar aquilo internamente e, então, toma a atitude de expressar o que está passando. Assim, procura o setor de Recursos Humanos ou comunica um supervisor.

Agir assim é mesmo muito positivo, contudo, nem todos conseguem. Além do mais, o ideal é que o ambiente de trabalho seja saudável, não exigindo que os funcionários tenham sua resiliência colocada à prova. 

Confira a seguir algumas dicas para evitar o desenvolvimento da gestão destrutiva em uma empresa.

Metas realistas

Os colaboradores devem perseguir metas realistas, pois metas irreais apenas geram frustração. A pressão para conquistar resultados que são impossíveis pode gerar grande estresse nos colaboradores.

Diálogo aberto

Para que a empresa não estabeleça um sistema de gestão destrutiva é fundamental que mantenha o diálogo aberto. Os colaboradores devem ter espaço para falar a respeito de suas dificuldades sem receio do julgamento. 

Delegação eficiente de tarefas

Os gestores de equipe devem prezar por uma distribuição de tarefas focadas nas habilidades de cada colaborador. Assim os profissionais são alocados para resolver questões sobre as quais têm domínio sem gerar inseguranças.

Ergonomia

O bem-estar dos colaboradores durante a realização das suas atividades é essencial para que eles sejam produtivos. Pensando nisso é determinante que a empresa adote políticas e parâmetros para analisar os níveis de ergonomia

RH atuante

Ter um departamento de Recursos Humanos atuante na companhia é importante para evitar que situações de pressão sem medida se prolonguem. Os colaboradores precisam saber que têm um canal dentro da empresa no qual podem falar sobre as suas dificuldades sem medo de repreensão.

Confraternizações

Construir um ambiente pacífico e harmonioso entre os colaboradores é importante para alcançar melhores resultados. Uma boa forma de pensar nessas questões é organizar confraternizações onde os membros da equipe possam trocar informações e se aproximar. 

Política de combate a gestão destrutiva – também é determinante que a empresa adote uma política focada em combater a gestão destrutiva. Isso significa não tolerar o desenvolvimento de comportamentos abusivos por líderes e equipe. Nesse tipo de situação a intervenção deve ser firme. 

Coaching: grande aliado para combater a gestão destrutiva 

Muitas empresas, no mundo todo, utilizam o processo de Coaching para potencializar o desempenho dos líderes. A partir daí, é possível melhorar e estimular o desenvolvimento das qualidades e competências dos seus colaboradores. 

Ter essa consciência de que é preciso realizar as metas, mas também instalar um ambiente propício é uma das características do líder, que passa pelo processo de coaching.

Esse é um líder que está preparado para identificar problemas internos e pontos de melhoria, e com isso motivar sua equipe em busca dos resultados almejados. Quanto melhor for o sistema de gestão implantado na corporação, mais visíveis serão os resultados. 

Gestões pautadas apenas pela pressão podem diminuir a qualidade produtiva dos funcionários e levar a casos extremos como os da Renault. A pressão deve ser usada como estímulo, do contrário, pode gerar um clima desfavorável e comprometer a saúde e integridade do colaborador.

A gestão destrutiva pode ter sérias consequências, então é essencial dosar a pressão dentro da empresa. Deixe seu comentário abaixo e compartilhe este conteúdo com aquela pessoa que precisa ler isso!

José Roberto Marques

Sobre o autor: José Roberto Marques é referência em Desenvolvimento Humano. Dedicou mais de 30 anos a fim de um propósito, o de fazer com que o ser humano seja capaz de atingir o seu Potencial Infinito! Para isso ele fundou o IBC, Instituto que é reconhecido internacionalmente. Professor convidado pela Universidade de Ohio e Palestrante da Brazil Conference, na Universidade de Harvard, JRM é responsável pela formação de mais de 50 mil Coaches através do PSC - Professional And Self Coaching, cujo os métodos são comprovados cientificamente através de estudo publicado pela UERJ . Além disso, é autor de mais de 50 livros publicados.



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